domingo, 27 de novembro de 2016

MEETING OF STYLES BRASIL 2016 - TRANSFORMANDO A PAISAGEM DO RIO GRANDE!




O primeiro dia de intervenções na paisagem urbana de Rio Grande, promovida pelo Encontro Internacional de Graffiti, atraiu centenas de pessoas à Avenida Honório Bicalho, que interagiram com o expressivo e colorido trabalho de artistas de diversas partes do país e do mundo. O Meeting of Styles Brasil, em mais uma edição, traz ao município a força do diálogo entre culturas e etnias,  rompendo com o cenário cinzento composto por asfalto e muros altos da zona portuária.
O MOS Brasil assinala nossa cidade como um dos principais polos incentivadores da arte de mural no país, concentrando criações dos mais significativos nomes do graffiti mundial. Moradores do Balneário Cassino, no ano de 2015, celebraram a realização do evento, bem como o legado deixado nos muros da Sociedade Amigos do Cassino – SAC. Esta é a vez dos moradores do Bairro Getúlio Vargas, trabalhadores do Polo Naval e demais espectadores alegrarem-se com a nova vista, repleta de identidade.
Segundo Lucas Stuczinski, a recepção este ano foi ainda maior, acontecimento esperado pelo público e pelos patrocinadores, o Meeting of Styles Brasil tem excelente estrutura física e um espaço considerável para a prática da pintura: “estamos dando um pouco de cor, de vida para esse ambiente aqui no Porto que é tão cinza, tão bege, onde só transitam, praticamente, caminhões e carros”. E acrescenta: “ver a população vindo a pé, aqui caminhando, vendo tudo; apreciando a arte é satisfatório”. 


Lucas elucida, ainda, a escolha pelos muros do Porto para sediar esta segunda realização do MOS Brasil em Rio Grande: “o intuito é a gente espalhar bastante a arte e eu fico muito feliz de, na verdade, ser perto de uma zona mais carente, digamos assim, porque eles são os menos prestigiados no dia-a-dia em tudo e aqui é uma oportunidade que eles estão tendo também. A molecada aí tá transitando, tem uns até se arriscando no spray; a mensagem é vida, é cor e tá todo mundo feliz!”
Refletindo a relevância desta forma de arte na comunidade, 28 crianças do projeto social Vasquinho do BGV, participaram da tarde ensolarada e replena de atividades culturais. O objetivo do projeto, de acordo com o seu coordenador Mano Jorge, é trabalhar para resgatar as crianças que estão em vulnerabilidade social das ruas, mostrando um mundo bem melhor do que este que se vive hoje. Conta o coordenador que a mudança desta dura realidade perpassa a inserção da cultura e do esporte na rotina das crianças: “acredito que o graffiti, o hip hop e o esporte incentivam e tiram a criança da rua. Esse trabalho que acontece hoje, esse trabalho de graffiti, de cultura, com certeza é incentivo para toda a comunidade Rio-Grandina”.


            As inscrições nos muros também inspiram e incentivam jovens a manifestar suas ideias; paredes são outdoors, mostram a realidade vivida e a busca pelo espaço que os identifica. Flávio Mendes, de Brasília, que  participou de edições anteriores na Alemanha, na Itália, em Porto Alegre e pela segunda vez em Rio Grande, revela sua identificação com a arte urbana: “é uma maneira de mostrar que a gente tá vivo. Eu comecei a pintar por isso, eu queria manifestar um pouco as minhas ideias na parede, trazer um pouco de paz. Na época eu era adolescente e um pouco confuso, queria mostrar um pouco da minha confusão na parede, ou queria me auto afirmar pintando; sendo alguém”. 


Para Flávio, o Graffiti é uma ferramenta de transformação: “sempre desenhei, eu era autodidata, desenhava em casa, mas não mostrava meu desenho pra ninguém. Quando estava com 16 anos eu tive um problema, fui detido pela polícia e minha mãe me colocou de castigo. Ai nesse castigo eu escutava muito Rap, eu escutei uma rádio anunciando uma oficina de Graffiti em uma cidade próxima da minha, ai eu fui e depois que eu tive esse contato com a arte eu vim parar aqui, foi no que deu. Foi uma transformação na minha mente, que eu era um cara um pouco sem perspectiva. Hoje eu sou casado, tenho uma família e pago as minhas contas através disso”.


Cristiane Monteiro, conhecida como Crika, e Karen Fidelis, a Kueia; ambas residentes no estado de São Paulo salientam a importância da inserção do Graffiti em lugares diversos, as desigualdades sociais são paineis que destacam ainda mais a arte comunicada. Karen relata que gosta de pintar em todos os ambientes, em locais que todos tenham acesso e consequentemente despertar o público para o aprendizado.
            Em sua primeira vez no sul do país e também no MOS; Crika concorda que a arte de inspiração urbana precisa habitar diferentes lugares,  e que eventos como estes são importantes para se conhecer novos artistas, valorizar talentos locais: “a gente tem muito artista bom aqui, de todos os estados do país”. Gisel Rosso, artista argentina, em sua primeira participação no Meeting, revela que o encontro abre fronteiras para o diálogo, e que a arte de rua cresceu muito na América Latina nos últimos tempos.


            Valorização advinda também do público que visita o espaço e contempla as imagens que aos poucos vão tomando mais vida. Em cada passo uma nova descoberta. Jussara Pereira, professora; e sua mãe Albina Pereira de 87 anos, não perderam tempo! Logo que tomaram conhecimento sobre o Encontro Internacional ser realizado novamente em Rio Grande, decidiram prestigiar. Nos conta a educadora: “vim trazer a minha mãe, que desde que leu a notícia no jornal está falando em vir olhar, pois no ano passado ela achou muito bonito. Está ficando uma construção bem bonita.” Dona Albina nos diz que o que lhe chama mais atenção é a pintura realizada por artistas que mesmo sem formação na área produzem grandes obras.
             O município do Rio Grande ganha novamente este grande presente em forma de arte: para comunicar, informar, transformar a paisagem e o olhar.








           

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