Do vento do mar ao calor da queima, a lama da praia se transforma. Transfigura a cor, a textura, o som. Da matéria desconhecida explodem tons metálicos, da modelagem bruta restam fissuras, bolhas, contorções; do tato cuidado aflora a miudeza delicada. O inesperado é o resultado, a experiência é o limite. Mais do que a forma, o que se explora é a força do barro submetido à queima. Há uma inquietação que ressoa, uma pergunta sobre o escrito, sobre o que se quer escrever, sobre a memória do lugar. O que há na matéria? O que ela nos provoca? O que grafamos nela? A exposição Artefatos revela um trabalho em processo e se abre à continuidade experimental.
Eleonora Frenkel
A exposição Artefatos é o testemunho das inquietações de Duke Orleans sobre a instigante “lama do Cassino”. Obscura e incômoda, torna-se a motivação para a pesquisa cerâmica deste material ainda um tanto desconhecido. Com potencial para diferentes descobertas plásticas, a lama da praia coletada, maturada, processada e modelada pelas mãos de Duke aos poucos vai se revelando em camadas, texturas e sons, em artefatos singulares. Aparentemente frágil, a pasta cerâmica do mar mostra-se resistente e ainda dona de si. O conjunto das peças apresentadas revela o resultado de experiências iniciais de Duke, desde delicados objetos com finas paredes até estruturas cujas formas indomadas nos surpreendem pela coloração e sonoridade. O autor nos provoca com diversas formas orgânicas e faz pensar em achados arqueológicos cujas inscrições apresentam-se como grafias, hieróglifos contemporâneos e volumes a serem decifrados e fruídos.
Roseli Nery
Exposição Duke Orleans
Local: Sala Multiuso | térreo do prédio da prefeitura do Rio Grande
Abertura: 3 de agosto
Visitação: de 4 até 22 de agosto
Título: Artefatos
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