Nos 280 anos do município do
Rio Grande, a Biblioteca Riograndense, com o apoio da Prefeitura Municipal do
Rio Grande, através da Secretaria de Município da Cultura, realiza a quarta
edição do Seminário Internacional para Pensar a Pesquisa Histórica. O evento
ocorrerá nos dias 22, 23 e 24 de agosto, no Salão de Leitura da mais antiga
instituição de cultura do Rio Grande do Sul, e mobilizará grandes pensadores do
Brasil e do exterior. O tema deste ano é o Estado Novo e todas as suas
implicações para o país, para o estado e para a cidade do Rio Grande.
De acordo com o professor
doutor Francisco Alves, a escolha pela temática deve-se aos 80 anos de
implantação do Estado Novo (1937-2017) no Brasil. “Essas ‘datas-redondas’ têm
servido para que os historiadores venham a refletir sobre determinados
processos históricos e servem como oportunidade para o debate histórico-historiográfico.
Parece óbvio, mas importante ressaltar que não há o que comemorar em relação a
um modelo ditatorial”, disse.
Segundo ele, o Estado Novo
foi um dos regimes mais centralizadores em termos político-administrativos da
formação histórica brasileira. “Nesse sentido, o local e o regional sucumbiram
diante do nacional. Os regionalismos foram suprimidos em prol de um nacionalismo
exacerbado, marca registrada dos regimes autoritários da época. Diante de tal
quadro, o Rio Grande e o Rio Grande do Sul se viram sufocados por tal
centralização. A sociedade de então foi totalmente controlada por um regime
autoritário e repressivo. As liberdades individuais foram ceifadas e as
manifestações intelectuais plenamente cerceadas. Além disso, o Estado Novo
criou mecanismos e estratégias de censura e autopropaganda que vendiam a ideia
do líder incontestável, como fica bem representado na gravura escolhida para
ilustrar o folder do seminário, que era da lavra do Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP)”, complementa. O secretário de Município da
Cultura, Ricardo Freitas, reitera as palavras do historiador e avalia
positivamente a realização de mais uma edição do evento em parceria com a
pasta. “O Estado Novo ficou marcado como um regime ditatorial com perseguição e
cerceamento às liberdades. Para que não se esqueça e nunca mais aconteça, cabe
a nossa reflexão em eventos de tal porte”, destacou.
A abertura do Seminário contará com duas palestras de professores bastante conhecidos em Rio Grande, especialmente, pela produção e pesquisa direcionadas à cidade. Derocina Sosa e Luiz Henrique Torres, ambos professores da Universidade Federal do Rio Grande e doutores pela PUC-RS, discutirão o período histórico sobre o viés do jornalismo e da historiografia.O segundo dia será marcado pela participação da doutora e pesquisadora da Universidade Nova de Lisboa, Isabel Lousada, com o painel “Evolução ou revolução. Opções de/para mulheres no Estado Novo. No mesmo dia, nos períodos da manhã e da tarde, palestram os professores doutores Daniel dos Santos e Rodrigo de Oliveira, com os painéis “O Romance de 30 e o ideal do ‘moderno’ na Era Vargas” e “Comunismo e anticomunismo no Brasil e a ‘matriz’ de anticomunismo integralista às vésperas do Estado Novo”, respectivamente. Doutor pela Universidade de Genebra, na Suíça, o professor Reto Monico, com a palestra “O golpe de Vargas na imprensa suíça e francesa: estudo comparativo”, será um dos destaques do último dia do evento, seguido pelo professor doutor Francisco das Neves Alves, com o painel “A instauração do Estado Novo e a imprensa rio-grandina: o caso do jornal O Tempo”.
As inscrições para o IV
Seminário Internacional Para Pensar a Pesquisa Histórica: Estado Novo custam R$
10 e podem ser realizadas, de forma antecipada, na Biblioteca Riograndense, ou
no dia do evento. Para os estudantes que participarem de 75% das atividades
será disponibilizado um certificado de 40h.
COLEÇÃO
RIO-GRANDENSE
Para fechar o evento com
chave de ouro, ocorrerá, ainda, o lançamento da Coleção Rio-Grandense, no
último dia de atividades. Resultado dos esforços coletivos da Cátedra Infante
Dom Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização (Portugal) e
da Biblioteca Rio-Grandense, a Coleção tem por intento fundamental a divulgação
da produção intelectual acerca de variadas temáticas versando sobre o Rio
Grande do Sul, com preferência para as abordagens de natureza cultural,
histórica e literária.
PROGRAMAÇÃO
Salão de Leitura da
Biblioteca
Rio-Grandense
- 22 de agosto
(terça-feira) -
●
12h 30min – INSCRIÇÕES
●
13h 50min – ABERTURA
●
14h – PALESTRA: O Golpe do Estado
Novo na Imprensa Gaúcha: algumas considerações – Derocina Alves Campos Sosa
(Doutora PUCRS – Profa. FURG)
●
16h – PALESTRA: Historiografia do
Rio Grande do Sul no Estado Novo – Luiz Henrique Torres (Doutor PUCRS – Prof.
FURG)
- 23 de agosto
(quarta-feira) -
●
9h 30min – PALESTRA: O Romance de 30
e o ideal do “moderno” na Era Vargas – Daniel Baz dos Santos (Doutor FURG –
Prof. IFERS)
●
14h – PALESTRA: Evolução ou
revolução. Opções de/para mulheres no Estado Novo – Isabel Lousada (Doutora e
Pesquisadora Universidade Nova de Lisboa)
●
16h – PALESTRA: Comunismo e
anticomunismo no Brasil e a “matriz” de anticomunismo integralista às vésperas
do Estado Novo (1922-1937) – Rodrigo Santos de Oliveira (Doutor PUCRS – Prof.
FURG)
- 24 de agosto
(quinta-feira) -
●
10h – PALESTRA: O Golpe de Vargas na
imprensa suíça e francesa: estudo comparativo – Reto Monico (Doutor
Universidade de Genebra)
●
15h – PALESTRA: A instauração do
Estado Novo e a imprensa rio-grandina: o caso do jornal O Tempo – Francisco das
Neves Alves (Doutor PUCRS – Prof. FURG)
●
17h – LANÇAMENTO da Coleção
Rio-Grandense
●
17h 30min – ENCERRAMENTO
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