Desde a sua
reabertura, em abril deste ano, o Atelier Livre do Mercado tem crescido. Não apenas de tamanho, com a reorganização dos seus
espaços, cresceu o número de artistas que frequentam o local e de alunos e
alunas que participam das oficinas. O Chalé 7 do Mercado Público Municipal
transformou-se em um espaço de formação em artes visuais da Secretaria de
Município da Cultura, um local sustentável, onde irradia cultura e produção
artística, ocupado por artistas e coletivos.
Com uma programação variada, para todas as idades e para todos os
gostos, o espaço caiu nas graças da população rio-grandina, conquistando um
público fiel que de segunda a segunda participa das oficinas. Nas
segundas-feiras o Atelier é ocupado pelo público geek, crianças e adolescentes,
que apreciam a arte e a cultura japonesa e usufruem do curso de mangá,
ministrado pelo ilustrador Luiz Lekston. Graduado em Artes Visuais – Licenciatura,
o rio-grandino atua como freelancer, tendo participado de diversas publicações
internacionais.
O encontro harmônico entre a água e a tinta, através da técnica da
aquarela é o tema da oficina realizada nas terças-feiras, com o também
rio-grandino Rudnei Alves. Portuário aposentado, Alves dedica-se às artes
plásticas há mais de 20 anos, muito embora a intimidade com o lápis e o pincel venha
da infância. “A localização do Atelier, nas imediações do cais e do Centro
Histórico do Rio Grande, é um privilégio e uma grande inspiração para qualquer
artista”, afirma.
As quartas-feiras é dia de arte do barro no Atelier, com oficinas de
cerâmica ministradas pelo artista, designer e oleiro catarinense, Fábio
Orleans, mais conhecido como Duke. A ocupação cultural neste dia não fica
restrita aos artistas locais. Waldo Gouveia, professor de Artes Visuais da rede
municipal de ensino, desloca-se toda semana, da vizinha Pelotas, para usufruir
do espaço e produzir suas peças. “A grande maioria delas representam a identidade
e os laços afetivos que construí nesta cidade portuária”, diz. Segundo ele, não
há espaço igual ou semelhante na capital nacional do doce.
Às quintas-feiras o Atelier recebe uma série de artistas que desenvolvem
um trabalho articulado de artesanato e demais artes relacionadas à valorização
da cultura negra. Os trabalhos são coordenados pela Profa. Ingrid Costa, a
partir de uma parceria da Secretaria de Município da Cultura com o Projeto
Boneca Africana Rana e da Ong Águas do Sul. Neste dia, são oferecidos à
comunidade oficinas de bonecas abayomi e com a temática de orixás que
representam o sincretismo da cultura e da religião brasileira e oficinas de
decoração de pratos, que remetem à ancestralidade da cultura afro, ministradas
pela Professora Fátima Ramalho. O espaço foi ocupado ainda para a realização de
um curso de capacitação de lideranças negras e diversas atividades alusivas ao
Novembro Negro, como o lançamento do livro do acadêmico da Universidade Federal
do Rio Grande Rodrigo da Rosa Pereira “Perspectivas femininas: Afro-brasileiras
em Cadernos Negros (contos).
Nas sextas-feiras, o Atelier recebe mais um artista rio-grandino, Paulo
Farias, que compartilha todo o seu conhecimento sobre entalhe em madeira em
mais uma oficina. De quinze em quinze dias o espaço é disponibilizado para
acadêmicos de universidades brasileiras e estrangeiras, que realizam o projeto
“Café debate Intercultural”, que visa estreitar a relação entre os
rio-grandinos e os estrangeiros que residem na cidade. O local é transformado
em um espaço de convivência e de intercâmbio de diferentes culturas, com o foco
na amizade, na troca de experiências e na realização de debates e tem o
acompanhamento do professor aposentado da Universidade Federal do Rio Grande,
Alfredo Martin.O espaço ainda é ocupado por dezenas de artistas plásticas da cidade,
que aproveitam o local para pintura e exposição dos seus trabalhos.
Carlos Kunde, Técnico Superior em Artes Visuais e servidor responsável
pela gestão do Atelier, destaca a evolução do local em 2017. De acordo com ele,
a intensa participação registrada neste ano deve-se ao sentimento de
pertencimento dos artistas, na sua maioria rio-grandinos. “Alguns deles não
tinham um espaço adequado ou careciam de uma estrutura maior para desenvolver
as suas atividades. No Atelier, se sentem em casa, ensinando ou produzindo suas
peças”, diz.
Kunde destaca, ainda, uma novidade que tem agradado os mais diversos
públicos: a instalação de uma biblioteca especializada em artes visuais, com
livros, publicações e obras de diversos artistas da área. Outra novidade é uma
Gibiteca, com títulos variados das personagens da Marvel e da DC Comics,
inclusive, com alguns exemplares raros. As consultas são locais e podem ser
realizadas no horário do expediente.
O secretário de Município da Cultura, Ricardo Freitas, salienta que o
Atelier Livre do Mercado é uma demanda da classe artística do campo das artes e
que surgiu na realização da primeira edição do Fórum Municipal de Cultura, em
abril de 2015. “Antes mesmo da construção e, posterior aprovação, do Plano
Municipal de Cultura, o equipamento já estava em pleno funcionamento
tornando-se um polo gerador de novos artistas para a cidade. Além disso, o
Atelier valoriza ainda mais um patrimônio cultural da cidade do Rio Grande, que
é o Mercado Público Municipal”, argumenta.
O Atelier Livre do Mercado funciona de segunda a sexta-feira, no Chalé 7
do Mercado Público Municipal. As oficinas são realizadas regularmente, algumas divididas
em módulos, e não necessitam de pré-requisitos. As inscrições podem ser
realizadas no local.
Ola...as oficinas sao gratuitas?
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